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Mostrando postagens de novembro, 2014

A Consciência Negra em Cordel na Escola

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Jefferson Hora, eu e Juan Gomes.              Participei como elaborador duma prova e Júri da 15ª Gincana do Colégio Estadual Elisabeth Chaves Veloso, localizado no Cabula VI, no qual desenvolvo como arte-educador, desde o ano passado, um projeto de produção de textos em versos e prosas. Agradeço a direção e a todos os alunos e profissionais pela liberdade que tenho nas minhas ações educativas. Publicarei em outra oportunidade uma síntese dos resultados deste ano. Por agora fico com os dois mocinhos que realizaram a prova “Escrever um livreto de cordel e publica-lo no seu formato tradicional sobre o tema “O Quilombo do Cabula e o Negro Beiru”.                 Eram quatro as equipes e além dos mocinhos, outras duas mocinhas também realizaram muito bem a prova. Mas a história desses dois é digna de nota. É que Jefferson Hora, o de cabelo Black na foto, perdeu seu texto um dia antes da apresentação. O cordel dele estava lindo, todos comentavam que tinha feito um verdadeiro po

Amor, louco amor

           −  Arismem como é o golpe guga?            − É assim, tem o taco, tem a bola... rem... preto na verde, verde na azul, azul no amarelo... na marrom na lilás, rush ... segura o taco e... ram!               Lá ia mais um menino chorando com um cascudo de Arismem. Eu mesmo fui vítima do golpe guga. Os meninos mais velhos pegavam os mais novos. Vai lá e pergunte como é o golpe guga.  Assim seguia a tradição.                Arismem era o louco mais famoso da cidade. Outros também com graça, mas ele de longe o mais inteligente.             − E aí Airis? – Um jovem o cumprimenta se fazendo de íntimo para impressionar amigos. Vai a tirada:              − Airis? Ih... já vi que você não saca nada de geografia. Airis? Aires é a capital da Argentina... o meu nome é Arismem!− E seguia a passo de malandro fazendo biquinho.                Respeitável figura da minha infância.                Vivia só. Só que um dia chegou uma mendiga louca por nome Margarida. Não era de lá

O Brilho no Olhar

Há uns tempos participei dum recital na Biblioteca Comunitária do Cabula, situada na UNEB, Campus Salvador. Seria mais um recital qualquer. Poetas bêbados declamando concentrados poemas de ontem e dispersos sentimentos de hoje. O melhor dessas atividades lúdico-literárias não são os poetas e declamadores profissionais, mas sim os adolescentes e jovens ainda em formação. Pensei em não recitar, só ouvir o que de novidade poderia encontrar num ou noutro verso, até que chamaram meu nome... dei a recitar um poema que fiz pr'uma antiga paixão quando distante:      “Coração anda comigo      Saudade passa no verso      Que desde a infância abrigo      Coração anda comigo      Assim não corro perigo      Nem me afogo submerso      Coração anda comigo      Saudade passa no verso.      Os extremos nos separam      São outras ondas aí      Em outras pedras deparam      É que extremos nos separam      Morena as trovas nã

Acho que me meto noutro soneto

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Foto: Paulo Magalhães Soneto IX                     À Carol Cruz Segure a flor angélica da idade, Pois tão inconstante é o tempo presente E constância só vem no que já sente Passado o peso em zelo de saudade. Sorria desse mundo de maldade, A pureza dum gesto faz a gente De beleza na terra ter semente E todo preconceito romper grade. Ante tudo um turbante reinvente, Daqueles que se faz profundidade E na cabeça toque toda a mente. Ante nada que seja essa verdade: Nada retire, nada ponha ou tente Do que sem fazer nada nos invade.