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Mostrando postagens de junho, 2011

Dois Versos, Uma Moça

A Bahia de negra graça Faz na beleza da raça... A moça de lindos traços O sorriso o rio largo Os cachos coqueiro alto Os olhos jambos em salto Onde encontrei meus dois versos: A Bahia de negra graça Faz na beleza da raça...

As origens do nosso verso popular

II  “Quando um homem de nosso tempo é extravagante a ponto de desejar familiarizar-se, tanto emocionalmente como intelectualmente, com uma época tão fora de moda como o séc. XII, poderá tentar consegui-lo de diversas maneiras”, escreve Mestre Ezra Pound no seu referido ensaio. As maneiras sugeridas pelo mestre são basicamente três: ler as próprias canções nos livros antigos ou pergaminhos cobertos de iluminuras; tentar ouvir os versos acompanhados de música; e ainda, percorrer em pesquisa as estradas das colinas e dos rios da região de Provença. Como nosso objetivo é outro, iremos aproveitar, no possível, sugestões dos mestres anteriores em relação ao método.                 As trovas não têm fim.                 Da região de Provença foram para Espanha e de lá para a Galícia. Nosso segundo guia é o Roteiro Literário de Portugal e do Brasil, Vol. I, dos mestres Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Hollanda, que nos traz uma antologia desde o português arcaico ao contemporâ

Desviando o Caminho

A bailarina Tem quatro mãos Que tocam vãos Da nossa sina Que se destina Saber planar Saber tocar Todos espaços Em tais compassos Se equilibrar. Sabe planar A equilibrar A bailarina Na nossa sina Em tais compassos Todos espaços Que tocam vãos Com quatro mãos E mão destina Saber tocar. Tem quatro mãos A bailarina E mão destina Equilibrar Saber planar Na nossa sina Em tais compassos Saber tocar Todos espaços Dos toques vãos.

As origens do nosso verso popular

          I           Em outros dois pequenos ensaios postados aqui falei do trovador. Um pouco da matriz portuguesa, já largamente difundida, como da matriz africana, que por muito tem sido desprezada. A nossa literatura popular em verso sofreu a confluência da cultura negra (com seus cantadores) e indígena (no seu contato com os jesuítas), logo, sua formação e evolução difere daquela vinda dos trovadores da península ibérica, esses mesmos influenciados pela cultura árabe-negra em suas origens.           Vamos por tempo tratar do tipo europeu.           Num belo e erudito ensaio “Trovadores – tipos e condições” do mestre vanguardista Ezra Pound, que nos servirá como primeiro guia, ele diz que “A fortuna dos trovadores variava tanto quanto sua categoria, e eles provinham de todas as classes sociais”. Trovaram reis, monges, alfaiates, nobres e pobres cavaleiros num estilo por assim popular em sua natureza. Da importância da trova provençal diz o mestre: “É verdad

Cantiga à Bela Citadina

No lugar que exploram, moça, Mais-valia da beleza, Canto versos novamente. Aqui o sol é luz acesa, Aqui o frio é geladeira, Aqui a feira é fortaleza... Canto versos novamente. Onde repousa meu olhar Porém tudo é natureza, Natureza sinuosa, Como as curvas duma serra, Vales com fonte formosa, Montes de forma manhosa Onde repousa meu olhar... Canto versos novamente, Quem dera explorar seus montes Subindo com mãos a serra, No pico descer aos vales, Dos vales correr na terra Escura e de chão macio Onde repousa meu olhar... Onde exploram a beleza Canto versos novamente...