Versando
Acho que me meto noutro soneto
Foto: Paulo Magalhães
Soneto IX
À Carol Cruz
Segure a flor angélica da idade,
Pois tão inconstante é o tempo presente
E constância só vem no que já sente
Passado o peso em zelo de saudade.
Sorria desse mundo de maldade,
A pureza dum gesto faz a gente
De beleza na terra ter semente
E todo preconceito romper grade.
Ante tudo um turbante reinvente,
Daqueles que se faz profundidade
E na cabeça toque toda a mente.
Ante nada que seja essa verdade:
Nada retire, nada ponha ou tente
Do que sem fazer nada nos invade.
Foto: Paulo Magalhães |
Soneto IX
À Carol Cruz
Segure a flor angélica da idade,
Pois tão inconstante é o tempo presente
E constância só vem no que já sente
Passado o peso em zelo de saudade.
Sorria desse mundo de maldade,
A pureza dum gesto faz a gente
De beleza na terra ter semente
E todo preconceito romper grade.
Ante tudo um turbante reinvente,
Daqueles que se faz profundidade
E na cabeça toque toda a mente.
Ante nada que seja essa verdade:
Nada retire, nada ponha ou tente
Do que sem fazer nada nos invade.
Sinais de Dança
Bailarina Alana Falcão
Eleva-se livre e leve
num passo.
Suspensa suave segue
no espaço.
Poeta pressente e pensa
seu gesto.
Intentando o todo em tudo
atesto.
E vejo
as danças das damas d’almas,
em mim,
cravadas galgavam calmas.
Adejo,
e confusas fogem finas.
Por fim,
sobem, somem Serafinas
em névoas, nuvens, neblinas...
Bailarina Alana Falcão |
Eleva-se livre e leve
num passo.
Suspensa suave segue
no espaço.
Poeta pressente e pensa
seu gesto.
Intentando o todo em tudo
atesto.
E vejo
as danças das damas d’almas,
em mim,
cravadas galgavam calmas.
Adejo,
e confusas fogem finas.
Por fim,
sobem, somem Serafinas
em névoas, nuvens, neblinas...
sobem, somem Serafinas
em névoas, nuvens, neblinas...
E o Que Fica São Ruínas
Foto: Luna Oliveira
Barco das ruínas
Daqueles amores,
De tudo que fores
Das coisas divinas,
De todas as sinas
De nossas memórias,
Das velhas histórias
É sendo passado
Dum futuro atado
Nas antigas glórias.
Porém noutro lado
Se se faz presente,
Faz-se assim ausente
No não navegado,
No que não pescado
Deixou para trás,
No não foi capaz
De ser resolvido,
No tempo vivido
Das vidas demais.
Da vida marinha
É barco do parco,
Sobrevive a charco
De quem o adivinha
Quando ainda vinha
Com toda a beleza
E toda a tristeza,
Que também é bela,
Destroços daquela
Já não mais acesa.
Foto: Luna Oliveira |
Barco das ruínas
Daqueles amores,
De tudo que fores
Das coisas divinas,
De todas as sinas
De nossas memórias,
Das velhas histórias
É sendo passado
Dum futuro atado
Nas antigas glórias.
Porém noutro lado
Se se faz presente,
Faz-se assim ausente
No não navegado,
No que não pescado
Deixou para trás,
No não foi capaz
De ser resolvido,
No tempo vivido
Das vidas demais.
Da vida marinha
É barco do parco,
Sobrevive a charco
De quem o adivinha
Quando ainda vinha
Com toda a beleza
E toda a tristeza,
Que também é bela,
Destroços daquela
Já não mais acesa.Poeminha cotidiano
A vida é um risco
Pro raso e (pro)fundo,
C'um lápis rabisco
Meu traço no mundo.
A vida é um risco
Pro raso e (pro)fundo,
C'um lápis rabisco
Meu traço no mundo.
2º Poeminha cotidiano
Alinho sem linha
Um laço de lã,
Menina bonita
Amanha o amanhã.
Alinho sem linha
Um laço de lã,
Menina bonita
Amanha o amanhã.
3º Poeminha Cotidiano
Tempo de fora
A vida a fio,
Adentro agora
Águas dum rio.
Tempo de fora
A vida a fio,
Adentro agora
Águas dum rio.4º Poeminha Cotidiano
Sabem de flores
As borboletas,
Sabem de amores
As ampulhetas.
Sabem de flores
As borboletas,
Sabem de amores
As ampulhetas.5º Poeminha Cotidiano
O saber
das palavras
são as lavras
do silêncio.
O saber
das palavras
são as lavras
do silêncio.
Ao anjo senhora hindu
A moça segue, vai a moça,
Coberto à flande comida,
A chita cobre seu corpo
De moça cheia de vida...
Que segue a moça, lá vai
Tão linda que Deus duvida,
Com passos leves, ligeiros,
Uma elegância atrevida.
Passo, já não passa mais,
Soube que estava feliz,
Foi ser aprendiz de amores,
Amores que tudo quis.
Mas, como mulher do tempo,
Do vento do mundo diz,
Fez flor de amor silvestre
Nos bicos de bem-te-vis.
Quando revi mais que linda,
E as suas curvas, sereia,
Seus olhos vivos, puxados
Daquela mesma maneira,
Seu andar ainda tão leve
Daquelas moças da areia,
Reminiscências vieram,
E esses seus versos na veia.
A moça segue, vai a moça,
Coberto à flande comida,
A chita cobre seu corpo
De moça cheia de vida...
Que segue a moça, lá vai
Tão linda que Deus duvida,
Com passos leves, ligeiros,
Uma elegância atrevida.
Passo, já não passa mais,
Soube que estava feliz,
Foi ser aprendiz de amores,
Amores que tudo quis.
Mas, como mulher do tempo,
Do vento do mundo diz,
Fez flor de amor silvestre
Nos bicos de bem-te-vis.
Quando revi mais que linda,
E as suas curvas, sereia,
Seus olhos vivos, puxados
Daquela mesma maneira,
Seu andar ainda tão leve
Daquelas moças da areia,
Reminiscências vieram,E esses seus versos na veia.
Do que ensina o mar
Foto: Luna Oliveira
Foi calçada de si mesma
Que andou por areias fofas
Pisando todos os sóis,
Esmerou-se à maresia
E nadou nos seus lençóis.
Foi assim, calçada de si,
Pro mar com suas marés
E descaminho de areia,
Fez os pés após descalços
Ondas levarem na beira.
A si mesma ela calçou
Como sandália no mar,
Largou-se em ondas e chão,
Sem sequer saber da vida
No vaivém do coração.
Foto: Luna Oliveira |
Foi calçada de si mesma
Que andou por areias fofas
Pisando todos os sóis,
Esmerou-se à maresia
E nadou nos seus lençóis.
Foi assim, calçada de si,
Pro mar com suas marés
E descaminho de areia,
Fez os pés após descalços
Ondas levarem na beira.
A si mesma ela calçou
Como sandália no mar,
Largou-se em ondas e chão,
Sem sequer saber da vida
No vaivém do coração. Do Tempo da Paixão
Penso ser senhor do tempo,
Não cair sobre seu cais,
Mas, sinto que o tempo passa
Já perto quase não mais.
Nunca fui de intensidades
Das sensações passageiras,
Prefiro sempre as paisagens
Além de estradas e beiras.
Por parte pisei nos planos
que jamais é tempo fim,
Planos de saltos por dentro,
Pousos d'algo fora em mim.
Tempo pouco antes do tempo,
No fundo talvez amar,
Muito apenas passageiro
Do que ficou no lugar.
Penso ser senhor do tempo,
Não cair sobre seu cais,
Mas, sinto que o tempo passa
Já perto quase não mais.
Nunca fui de intensidades
Das sensações passageiras,
Prefiro sempre as paisagens
Além de estradas e beiras.
Por parte pisei nos planos
que jamais é tempo fim,
Planos de saltos por dentro,
Pousos d'algo fora em mim.
Tempo pouco antes do tempo,
No fundo talvez amar,
Muito apenas passageiro
Do que ficou no lugar.
No Martelo Agalopado
Que diabo um que a dois ainda arranha,
Que diabo é três que a quatro desgraça,
Que diabo esse cinco que a seis passa,
Que diabo esse sete do oito ganha,
Que diabo esse nove que ao dez manha
E transforma a redonda Terra em quina;
Só quem vende qualquer coisa que opina,
Quem opina e não vende faz de imundo...
Êh mundinho que raso não vai fundo
No qual funda a tristeza e desatina.
Foto: Fafá M. Araújo |
Colóquio de foto-poema
Poema é fotografia
Dum sentimento
vivido
E vira ato quando
entregue
Ao momento
possuído.
É sim, alimento, moça,
pra sentir que gosto tem
o espírito do preparo
que só o poeta detém.
Também, moça, é seu corpo
d'algum dom de dona dança
que faz ampliar o espaço
e noutro tempo nos lança.
Do alimento corpo a cor
e da sua eu colori
jabuticaba, ébano, ônix
num bico de colibri.
Colibri de asas vermelhas
que retocou seu turbante
na contraluz das palavras...
poema é tudo que encante.
Terceira Margem
“...e, eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro – o rio”.
Guimarães Rosa
Foto do Rio Buranhém: Urbino Brito
Cortando
vales, dando alimento à terra,
camarada Rio,
te esparges nos teus cristais d’água,
milhões de aves te rasgam voo,
peixes habitam tua fonte.
Mesmo na seca esculpido
com ardente natureza morta
continuaste vivo.
Quanta guerra e paz,
carne e sangue te ofereceram?...
Agora dizem por aí:
– Calai o canto das lavadeiras!
– Minguai o riso das crianças!
Será preciso te criar outra margem
para além do sonho,
para além da realidade?
É que o rio do homem é solitário,
camarada Rio,
inda não tem tantas braças;
mas deixa eu ser tua corrente,
ser a terceira margem.
Se viveste – serei líquido na torrente;
se morreste – serei riacho... córrego...
... até inundar-me de pedras...
...seco...
Felicidade
Foto: Marta Torres
Canto canto que acantoo
Canto
hoje felicidade,
Mesmo
sem um conto canto
E
assim deixo a Soledade.
Canto
canto agora entoo
Na
Estrada da Liberdade
Onde
antigo boiadeiro
Cantava
sua saudade.
Canto
canto na quebrada
Onde
a vida é mais verdade,
Onde
a gente se amontoa
Nos
cantos dessa cidade.
Canto
canto pra favela,
Encanta
a realidade,
Minha
vaidade no verso,
O meu
inverso da vaidade.
Canto
canto no vaivém
Sem
nenhuma novidade
Nem é
novo nossa dor
Não
ser infelicidade.
Canto
canto no horizonte
Um
canto de toda idade,
Remando
a maré da vida,
Rimando
a simplicidade.
Trova
Esse
bem que bate bate
Bate
bate qual balão
Voa
voa vira fogo
Fogo
a fogo deita ao chão.
Quase Haicai
Pois
quem canta toca
como
chuva inesperada,
como
o sol depois.
Epigrama ao Palhaço
Apocalíptico
Já Morreu,
bobo sem graça,
Fez ato impressionante,
Sem tato para ambulante
Resolveu sua desgraça,
Numa das mãos a cachaça
E noutra uma pá amolada,
Simulava ser piada
Soterrando o corpo vivo,
Morreu se sentindo altivo
Aplaudido a gargalhada.
Translação
http://www.infoescola.com/astronomia/via-lactea/
Sempre esqueço
as voltas em torno do Sol de quem conheço.
As minhas não comemoro há tempos
nem me preocupo com o sol,
tampouco com a lua
que circunda nossas vidas.
Preocupo-me com os passos
dos meus camaradas, amigos
e das serafinas terrenas que me perturbam o sono.
Sempre desço
mais escadas
que devia...
Todo dia,
A alvorada se torna crepúsculo
e a data dos meus anos,
mais uma volta
reviravoltas
em torno do eixo solar.
Gira Mundo
Foto: André Costa Coscarque
O
efêmero da fêmea
embriaga
Vou
eu nos descaminhos
desses
versos
Se
nesse mundo de hoje
nada
presto
Empresto
um pouco à noite
a
beleza...
Transpira
feito dança
a
alegria
Um
tanto de embriaguez
nunca
mata
Outro
tanto a negritude
sempre
passa
O que
dela tem no jeito
que
balança...
A
imagem é só parte
desse
todo
Faz
da Terra o mesmo
gira
a gira
levanta
a boemia
sonha
zonza
Quem
sabe o mundo acorde
noutro dia.
Aos Olhares
Os olhos de lince lançam
Da fêmea o que os olhos caçam,
Do que estar por trás dos olhos,
Da visão mais afiada...
Os de lince lançam olhos
Frente a alguma arrebatada,
Com o brilho de passa mundo,
Com o rastro de passarada.
Os olhos caçam da fêmea
Sua beleza que laça,
Sem saber o que o olho caça,
Só a palavra anunciada:
Do que estar por trás dos olhos,
Da visão mais afiada.
Sentido
Se
sou eu sendo outro
Presente
passado
Com
ferro de passar.
Sendo
outro sou eu
Passado
presente
Que
esqueceu de dobrar.
Cantiga de Traços Tristes
Se
reparo traços belos,
Seu
passo a passar na rua,
Musa
bela o verso nobre
Versa
a beleza que é sua.
Musa
bela o verso nobre
Difícil
hoje de ver,
Tão
difícil de tão triste
Fica
fácil pra você.
Tão
difícil de tão triste
Cantigas
a clara lua,
Se
não vejo nada belo
Canto
assim beleza sua.
Se
não vejo nada belo
Só o
colo ao cair a conta,
Antigo
camafeu de ônix,
Preta
cor que ao traço monta...
Antigo
camafeu de ônix,
Sem
ver o mundo perdeu,
Eu
peço a Tempo que o encontre
“Ôh
que tempo esse meu Deus”.
Cantiga de Primavera
Primavera
não tenho mais certeza,
Semeando
eu serei semeador...
Primavera
a semente desse meu amor
Plantada
nesse tempo de incerteza,
Quando
em estio a minha natureza
D’água
só tinha lágrima de dor.
Primavera
não tenho mais certeza...
Será
a Terra redonda, noite escura,
Tempo
que faz da lágrima secura,
Do
espaço um infinito de beleza...
Primavera
só tenho uma tristeza
Sem
saber se de tristeza se cura.
Primavera
não tenho mais certeza
Se
inda lhe toca tão antigo canto,
Quando
tudo parece muito e tanto,
Num
mundo que nem pena tem leveza
Nem
luzes sabem quando e quanto acesa
Nem
corações sabem desse quebranto.
Primavera
não tenho mais certeza,
Se no
inverno no outono no verão,
Se
será na cantiga ou na canção
Que
erguerei solitário a fortaleza,
Primavera
lhe digo com franqueza,
As
incertezas só caminharão.
Do Tempo de Amar
O
sofrimento uma pena,
Se
quando se faz o bem
Por
vezes a gente sofre,
Se
quando se faz o mal
A
gente sofre também...
E
ninguém é de ninguém,
Todo
mundo dor do mundo,
Esperança
que cai o cais
Nos
levando junto e fundo.
Assim
prossegue no tempo,
Viver
precisa ilusão,
Volta
os amores incertos,
Volta
às vezes gratidão.
A
mesma pena que pesa,
Mesma
que nos alça voo
−Seja
essa única certeza−,
Me
volto, me pego e entoo:
Um
amor é sempre vindo
Do
que no sou ar eu soo,
Do
que no prazer é lindo
E que
no sofrer eu doo.
Tatuado um Riso
Corpo
vestido
Por
tatuagem
Corpo
desnudo
Com
sua margem
Torpor
dum verso
Com
sua imagem
Em
seu sorriso
A
desvantagem...
Vantagem
a fêmea
Com
seu sorriso
Logo
imagino
Um
torto verso
Sendo
sem margem
Todo
desnudo
Mas
tatuado
E
revestido
Numa
beleza.
Reflexão Sobre Conterrânea
Se pensa na conta,
eu conto a beleza,
com toda a certeza
pois a foto aponta
o que aos céus afronta
de tão espontânea,
que até coletânea
jamais, nunca finda
da presença linda
tão contemporânea.
Foto: Jorge X
Cantiga à Amiga
Negra
Se fosse
um quadro,
uma
moldura,
era
loucura.
Mas é
pureza
do
que se chama
beleza
negra...
Tão
fino traço
que
me embaraço
em
curtos versos,
em
curtos passos...
Tão
belos lábios
que
até o céu muda
daquele
azul
se
recompondo
em
sua foto...
em
sua foto
que
céu reflete
e se
escurece...
e se
escurece.
“...e, eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro – o rio”.
Guimarães Rosa
|
Foto do Rio Buranhém: Urbino Brito |
Cortando
vales, dando alimento à terra,
camarada Rio,
te esparges nos teus cristais d’água,
milhões de aves te rasgam voo,
peixes habitam tua fonte.
Mesmo na seca esculpido
com ardente natureza morta
continuaste vivo.
Quanta guerra e paz,
carne e sangue te ofereceram?...
Agora dizem por aí:
– Calai o canto das lavadeiras!
– Minguai o riso das crianças!
Será preciso te criar outra margem
para além do sonho,
para além da realidade?
É que o rio do homem é solitário,
camarada Rio,
inda não tem tantas braças;
mas deixa eu ser tua corrente,
ser a terceira margem.
Se viveste – serei líquido na torrente;
se morreste – serei riacho... córrego...
... até inundar-me de pedras...
...seco...
Felicidade
Foto: Marta Torres |
Canto canto que acantoo
Canto
hoje felicidade,
Mesmo
sem um conto canto
E
assim deixo a Soledade.
Canto
canto agora entoo
Na
Estrada da Liberdade
Onde
antigo boiadeiro
Cantava
sua saudade.
Canto
canto na quebrada
Onde
a vida é mais verdade,
Onde
a gente se amontoa
Nos
cantos dessa cidade.
Canto
canto pra favela,
Encanta
a realidade,
Minha
vaidade no verso,
O meu
inverso da vaidade.
Canto
canto no vaivém
Sem
nenhuma novidade
Nem é
novo nossa dor
Não
ser infelicidade.
Canto
canto no horizonte
Um
canto de toda idade,
Remando
a maré da vida,
Rimando
a simplicidade.
Trova
Esse
bem que bate bate
Bate
bate qual balão
Voa
voa vira fogo
Fogo
a fogo deita ao chão.
Quase Haicai
Pois
quem canta toca
como
chuva inesperada,
como
o sol depois.
Epigrama ao Palhaço
Apocalíptico
Já Morreu,
bobo sem graça,
Fez ato impressionante,
Sem tato para ambulante
Resolveu sua desgraça,
Numa das mãos a cachaça
E noutra uma pá amolada,
Simulava ser piada
Soterrando o corpo vivo,
Morreu se sentindo altivo
Aplaudido a gargalhada.
Translação
http://www.infoescola.com/astronomia/via-lactea/ |
Sempre esqueço
as voltas em torno do Sol de quem conheço.
As minhas não comemoro há tempos
nem me preocupo com o sol,
tampouco com a lua
que circunda nossas vidas.
Preocupo-me com os passos
dos meus camaradas, amigos
e das serafinas terrenas que me perturbam o sono.
Sempre desço
mais escadas
que devia...
Todo dia,
A alvorada se torna crepúsculo
e a data dos meus anos,
mais uma volta
reviravoltas
em torno do eixo solar.
Gira Mundo
Foto: André Costa Coscarque |
O
efêmero da fêmea
embriaga
Vou
eu nos descaminhos
desses
versos
Se
nesse mundo de hoje
nada
presto
Empresto
um pouco à noite
a
beleza...
Transpira
feito dança
a
alegria
Um
tanto de embriaguez
nunca
mata
Outro
tanto a negritude
sempre
passa
O que
dela tem no jeito
que
balança...
A
imagem é só parte
desse
todo
Faz
da Terra o mesmo
gira
a gira
levanta
a boemia
sonha
zonza
Quem
sabe o mundo acorde
noutro dia.
Aos Olhares
Os olhos de lince lançam
Da fêmea o que os olhos caçam,
Do que estar por trás dos olhos,
Da visão mais afiada...
Os de lince lançam olhos
Frente a alguma arrebatada,
Com o brilho de passa mundo,
Com o rastro de passarada.
Os olhos caçam da fêmea
Sua beleza que laça,
Sem saber o que o olho caça,
Só a palavra anunciada:
Do que estar por trás dos olhos,
Os de lince lançam olhos
Frente a alguma arrebatada,
Com o brilho de passa mundo,
Com o rastro de passarada.
Os olhos caçam da fêmea
Sua beleza que laça,
Sem saber o que o olho caça,
Só a palavra anunciada:
Do que estar por trás dos olhos,
Da visão mais afiada.
Sentido
Se
sou eu sendo outro
Presente
passado
Com
ferro de passar.
Sendo
outro sou eu
Passado
presente
Que
esqueceu de dobrar.
Cantiga de Traços Tristes
Se
reparo traços belos,
Seu
passo a passar na rua,
Musa
bela o verso nobre
Versa
a beleza que é sua.
Musa
bela o verso nobre
Difícil
hoje de ver,
Tão
difícil de tão triste
Fica
fácil pra você.
Tão
difícil de tão triste
Cantigas
a clara lua,
Se
não vejo nada belo
Canto
assim beleza sua.
Se
não vejo nada belo
Só o
colo ao cair a conta,
Antigo
camafeu de ônix,
Preta
cor que ao traço monta...
Antigo
camafeu de ônix,
Sem
ver o mundo perdeu,
Eu
peço a Tempo que o encontre
“Ôh
que tempo esse meu Deus”.
Cantiga de Primavera
Primavera
não tenho mais certeza,
Semeando
eu serei semeador...
Primavera
a semente desse meu amor
Plantada
nesse tempo de incerteza,
Quando
em estio a minha natureza
D’água
só tinha lágrima de dor.
Primavera
não tenho mais certeza...
Será
a Terra redonda, noite escura,
Tempo
que faz da lágrima secura,
Do
espaço um infinito de beleza...
Primavera
só tenho uma tristeza
Sem
saber se de tristeza se cura.
Primavera
não tenho mais certeza
Se
inda lhe toca tão antigo canto,
Quando
tudo parece muito e tanto,
Num
mundo que nem pena tem leveza
Nem
luzes sabem quando e quanto acesa
Nem
corações sabem desse quebranto.
Primavera
não tenho mais certeza,
Se no
inverno no outono no verão,
Se
será na cantiga ou na canção
Que
erguerei solitário a fortaleza,
Primavera
lhe digo com franqueza,
As
incertezas só caminharão.
Do Tempo de Amar
O
sofrimento uma pena,
Se
quando se faz o bem
Por
vezes a gente sofre,
Se
quando se faz o mal
A
gente sofre também...
E
ninguém é de ninguém,
Todo
mundo dor do mundo,
Esperança
que cai o cais
Nos
levando junto e fundo.
Assim
prossegue no tempo,
Viver
precisa ilusão,
Volta
os amores incertos,
Volta
às vezes gratidão.
A
mesma pena que pesa,
Mesma
que nos alça voo
−Seja
essa única certeza−,
Me
volto, me pego e entoo:
Um
amor é sempre vindo
Do
que no sou ar eu soo,
Do
que no prazer é lindo
E que
no sofrer eu doo.
Tatuado um Riso
Corpo
vestido
Por
tatuagem
Corpo
desnudo
Com
sua margem
Torpor
dum verso
Com
sua imagem
Em
seu sorriso
A
desvantagem...
Vantagem
a fêmea
Com
seu sorriso
Logo
imagino
Um
torto verso
Sendo
sem margem
Todo
desnudo
Mas
tatuado
E
revestido
Numa
beleza.
Reflexão Sobre Conterrânea
Se pensa na conta,
eu conto a beleza,
com toda a certeza
pois a foto aponta
o que aos céus afronta
de tão espontânea,
que até coletânea
jamais, nunca finda
da presença linda
tão contemporânea.
Foto: Jorge X |
Cantiga à Amiga
Negra
|
Cantiga à
Bela Citadina
No lugar que exploram, moça,
Mais-valia da beleza,
Canto versos novamente.
Aqui o sol é luz acesa,
Aqui o frio é geladeira,
Aqui a feira é fortaleza...
Canto versos novamente.
Onde repousa meu olhar
Porém tudo é natureza,
Natureza sinuosa,
Como as curvas duma serra,
Vales com fonte formosa,
Montes de forma manhosa
Onde repousa meu olhar...
Canto versos novamente,
Quem dera explorar seus montes
Subindo com mãos a serra,
No pico descer aos vales,
Dos vales correr na terra
Escura e de chão macio
Onde repousa meu olhar...
Onde exploram a beleza
Canto versos novamente...
Desviando o Caminho
A
bailarina
Tem
quatro mãos
Que
tocam vãos
Da
nossa sina
Que
se destina
Saber
planar
Saber
tocar
Todos
espaços
Em
tais compassos
Se
equilibrar.
Sabe
planar
A
equilibrar
A
bailarina
Na
nossa sina
Em
tais compassos
Todos espaços
Que
tocam vãos
Com
quatro mãos
E mão
destina
Saber
tocar.
Tem
quatro mãos
A
bailarina
E mão
destina
Equilibrar
Saber
planar
Na
nossa sina
Em
tais compassos
Saber
tocar
Todos
espaços
Dos
toques vãos.
Uma
Moça, Dois Versos
A
Bahia de negra graça
Faz
na beleza da raça...
A
moça de lindos traços
O
sorriso o rio largo
Os cachos
coqueiro alto
Os
olhos jambos em salto
Onde
encontrei meus dois versos:
A
Bahia de negra graça
Faz
na beleza da raça...
História de Índio
No buraco da chuva
Tem garça grande
E menino índio que no céu ande
Se pondo a perturbar.
O menino danado,
Sabendo que garça tampa buraco,
Jogou grande pescado
P'rá garça traçar.
Ela pescou peixe dourado,
Depois d'um pé só ficou...
Assim se acostumou,
Aí na Terra a chuva iniciou.
Turbante aos Olhos
Espero que Tempo ajude,
Faço pedido a Oxalá
Pois é tão bonita a moça
Para que veja sem olhar...
A moça que abaixo os olhos,
Iaiá desse lindo ojá.
Trago do tempo da roça
A forma de se encantar,
Torço seu torço no verso
Sem saber o que falar...
Desvio, olho, se não olha,
Ojá dessa linda iaiá.
Para a Moça e a Vida Bamba
Foto: Fabiana Maia |
A vida, essa corda bamba,
E esse equilíbrio da moça
Superando a força bruta,
A gravidade dos fatos...
A vida, esse belo samba,
E esse equilíbrio de acordes
Supera todo silêncio
Da gravidade dos fatos...
Lembro da moça nas lutas
E quem luta, luta sempre;
Desequilíbrio dos fatos
Para o equilíbrio da vida.
A vida que acorda em samba,
A vida que acorda a bamba
Na gravidade dos fatos
Que seu sorriso supera.
Inspirado em Foto de Moça Distante
Foto do ensaio "CorpoRevelado" por Marina Silva |
Nem sei os passos da moça,
De tão linda fiz poema,
Escolhendo a foto por voto
Nem se preocupei com tema.
E sem saber dessas normas,
Sei da expressão de tristeza,
Sei da expressão de ternura,
Sei na meiguice a grandeza
E sei no gesto o suave,
A elegância e a fineza.
Não sei se a moça olhava a terra,
Como mãe de carne e sangue;
Quem sabe expressão mais dura
De alguma coisa que nos zangue.
E quem sabe da beleza
Sabe bem que impressiona
Entrego esses versos singelos
De quem a beleza é dona.
Sou Viciado em Viver
Letra de Marchinha Carnaval Salvador 2011
Sou viciado em viver
A vida fazendo versos...
Poeta de peito aberto
P'ra todas dores do mundo
No carnaval vamos fundo
Marchando até no deserto...
Sou viciado em viver
A vida fazendo versos...
Martelo Agalopado
Escrever um martelo bem composto,
Como faz um bom mestre no improviso;
Saber qual esse chão que agora piso
E saber separar posto do imposto;
Poesia ser mais que esse desgosto,
Não cabendo na taça de cretino;
Ser na minha terrinha só menino
A zombar de quem acha sério mundo,
Um mundinho que raso não vai fundo,
No qual funda a tristeza e desatino.
A Bahia que é terra da alegria
Com a tristeza debaixo do tapete,
É madrasta que bate com cacete,
Espremendo nas cordas da folia
Todo filho que não compra a alforria
P’ros galopes do inverso do divino,
Com cordeiros de Deus cantando em hino
O nocaute no pobre moribundo;
Ôh mundinho que raso não vai fundo,
No qual funda a tristeza e o desatino.
Cantiga a Moda Antiga
Como pode o jardineiro
Evitar assim a flor,
Como pode moça a lua
Nascer sem o sol se pôr...
Podendo assim como o não
É só maneira do sim,
Como tantas vezes versos
Se foram e vieram em mim.
Evitei a mim moça linda,
Mas um certo dia eu vi
Num jardim de tantas rosas
Uma flor que me perdi;
Deixando rosas de lado
Quis aquela flor por bem:
Sempre viva no meu peito
Da sempre-viva eu refém.
Evitei a mim linda moça,
Até um dia no Solar
Ver o Sol junto com a Lua
No céu a tarde a namorar;
Depois o Sol foi dormir
E a Lua moça traquina
Brincou com constelações
Na noite de quina a quina.
Por fim, na esquina do céu,
No jardim de cheiro bom,
Numa trova a moda antiga
Descobri qual nosso tom:
A sempre-viva entre rosa,
O Sol vivendo com a Lua,
Verso com dedo de prosa...
Quem sabe a gente na rua.
Trova-Net
Moça me pede um poema,
Pede pedindo favor...
Fiquei sem saber qual tema,
Se amizade ou se é de amor.
Triolé
Do morro vejo amplidão,
Da maré vejo infinito,
Ao chão coisas como são...
Do morro vejo amplidão,
Sem santo sem mundo cão
Contra maré o morro fito...
Do morro vejo amplidão
Da maré vejo infinito.
Bailarina Ensina... Me Ensina a Dançar
É que não sabia;
Aquela ternura,
A sua doçura,
A minha alegria
Na serra tão fria
Sem me agasalhar,
Somente a brincar
Em fala traquina:
Bailarina ensina...
Me ensina a dançar.
Agora é passado,
Agasalho deu
E ele se perdeu,
Mas lembro trançado,
Tricô vermelhado
Bonito de amar;
Fui com ele andar
Sem saber menina,
Bailarina ensina...
Me ensina a dançar.
Quem sabe soubesse
Hoje além do passo,
De verso que laço
P’ra que nunca cesse
Ou sempre regresse
Os tempos de lá,
Outros passos dar
Nessa minha sina,
Bailarina ensina...
Me ensina a dançar
Talvez algum dia,
Assim no destino,
Começo e termino
A nossa poesia
Em doce harmonia
A lhe recitar;
Se tempo deixar
Tempo determina,
Bailarina ensina...
Me ensina a dançar.
Cantiga Natalina
O natal de Deus menino
Com um anjo querubim
Sem enfeite p’ro presente
É feliz do início ao fim
Pois é só mais uma festa
E na festa faz assim...
Tem tem... din din... tem tem... din din
O Noel que não é Deus
Mas se diz papai também
Dá presente p’ra quem compra
Mesmo o vinho do armazém
Sem as luzes pisca-pisca
No natal de quem não tem.
dim dim... tem tem... dim dim... tem tem
Que salve salve o Noel
O estoque está bem no fim
Mas gente que ganha pouco
Compra presente ruim
O natal é solidário
Sendo assim se compra sim...
Din din... tem tem... dim dim... tem tem
No natal de Deus menino...
No natal d’aquele alguém
No natal de Deus menino...
No natal de quem não tem
No natal de Deus menino
Dobra o sino de Belém...
dim dim... tem tem... dim dim... tem tem
Madrigal
O que se faz do tempo
Se o tempo só separa...
A jabuticabeira,
A mesma d’olhos negros de criança,
Os homens derrubaram.
O que se faz no tempo
Se o tempo que aproxima...
Basta a jabuticaba
Ser plantada de novo nesse chão,
Para quando vier o céu que chora,
Germinar num sorriso...
Jabuticaba minha
... A jabuticabeira.
Do Todo da Parte Privada
"O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte..."
Gregório de Matos Guerra
De réis em réis fez-se trono,
De trono em trono fez rei,
Do alto pro baixo fez lei,
De lei a lei vem abandono,
Pra cada qual o seu dono,
Pra cada dono seu mundo,
Pra todo mundo no fundo
Ser doutro uma parte estranha,
Com seu quantum que barganha
Pequeno mundo fecundo.
Privadas partes componha
Ser privado toda parte,
Tudo que pra mais destarte,
Privado até do que sonha,
Com a parte que lhe imponha,
Dada como parte dor
( É que dor tem seu valor)
É repartido o homem todo,
De lodo, a engodo, a mais lodo,
De despeito a desamor.
Sagrada a parte privada
Profano vive seu homem,
Privados da ceia que comem,
Privados na teia forjada
Duma força tão danada,
Causa mãe de todo dano,
Entra é homem pelo cano,
Entope, rasga e lasca,
E na santa ninguém tasca
De tal variado arcano.
Demais que seja barroco,
Demais natural rebojo,
Por toda parte dá nojo,
Tanto discurso de rouco,
Tanto santo de pau oco
Que diz estar perdoado,
Menor ou maior Estado,
Parte por parte se inunda,
Todo por todo se imunda
Parte do todo privado.
Pequeno Romance de Amor
Ela uma bela evangélica,
Ele um poeta pagão,
Um dia os dois se encontraram
Por coisas do coração,
Sendo amor sempre semente
Que brota com pés no chão...
Ela dele não sabia
Além duns versos que fez,
Ele dela só sabia
Que acordava o Sol a seis
E trabalhava até a noite
Num suor de mês a mês.
Sendo o amor sempre semente
Que brota num sim ou não,
Ela resolveu a partida
Por um outro cidadão,
O poeta calou o verso
Não fazendo outro refrão.
Ela ficou sem dormir,
Mas a vida continua...
Passando tempo quem sabe
Vê seu sorriso na lua,
Lembra do poeta triste
Que sumiu da vida sua.
Segunda Cantiga para Lee
No interior se vê estrela,
Dois arco-íris no horizonte,
O rio que passa calmo,
A água que brota da fonte.
Rabiscando traço versos...
Penso em você lentamente;
No interior se vê estrela,
O céu é o amor em semente.
De dia gente na praça
Jogando conversa fora,
Dois arco-íris no horizonte,
Um amor que nasce agora.
O rio que passa calmo
E calmo passa a canoa,
Penso em você novamente
Pensamento voa a toa.
Quem sabe rio seremos,
Água a brotar no horizonte,
Uma noite que vê estrela,
Manhã de arco-íris na fonte.
Cantiga para Lee
Dizem que os samurais, Lee,
Após um dia de guerra,
Escrevem lindos poemas
De sol e lua, céu e terra...
Pena não sou samurai,
Pois seu traço me distrai
Para o horizonte que se erra...
E no horizonte que eu erro
Seus olhos são sóis se pondo,
Seus lábios lua sorrindo,
Seu sorriso o céu compondo,
Mas não sou samurai, Lee,
Sou apenas um aprendiz
Desses versos que arredondo.
Nos versos arredondados,
Você em todas as flores,
Você em todos os passos,
Você em todas as cores,
Você em minha alegria,
Você na noite e no dia,
Nos cantos e nos cantores.
Sei que os cantos dos cantores
São tantos pra lhe encantar,
E esses versos tão pobres
Como pobre é meu falar,
Queria ser samurai,
Aquele que nunca cai
Pela graça dum olhar.
Soneto da Despedida
“E ondas seguidas de saudade,
Sempre na tua direção,
Caminharão, caminharão,
Sem nenhuma finalidade.”
Cecília Meireles
Nosso amor não nasceu na poesia
Nem morrerá com chuva após o vento,
Também não morre assim nossa alegria
Nesse leve afastar tão terno e lento.
Só não há mais fim, digo fim do dia
Em que esperamos sós um sentimento,
Como as ondas dum vem, dum vai, dum ia,
Trazendo a paz, levando o rompimento.
Nesse vento que traz chuva morria
O que só ficou só no pensamento...
O amor não ergueu firme engenharia.
Com o vaivém das ondas, nosso acento
Será o seu sem nenhuma fantasia,
E meu verso, confesso, mais atento.
Sombra do Meio-dia
Como seu andar destrai, me dá prazer,
Destrói o que tem em mim de desumano,
Na sombra dum céu cinza me faz ver
A natureza clara noutro plano.
Assim, sem salto, posso perceber
As curvas que seu corpo faz, sem dano
De nessas curvas minha mão perder
Seu detalhe escondido em cada pano.
E despido de orgulho vai meu ser,
Beijar a flor que brota sem engano
De no néctar dessa flor deter,
Apenas numa, toda estação do ano.
Mas pobres rimas não vão descrever,
Que agora deixa são... me deixa insano.
Soneto
Bahia, terra imensa de tristeza,
Tem uma dor em mim que vem e volta,
Queria que ninguém tivesse acesa
A chama dessa dor que o verbo solta.
De não ter feito amor com a nobreza:
O amado quando a amante sempre o escolta
A cuida com carinho, com firmeza
De ser tranquilo mesmo na revolta.
Agora meu olho como cristal d’água
Carrega de mim mesmo amarga mágoa...
Tem uma dor em mim que vem e volta.
Quem sabe volte a tempo essa doçura,
Volte de novo por minha ternura...
Tem uma dor em mim que vem e volta.
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