Idílio
Foto: Tico Alcântara |
Ando por estes
pastos a caminhar, Inha.
Pastos do
dono, dono das margens do rio,
Quando chego,
chego a pensar que esta água é minha.
Eu queria ser água
a sempre passar do dono.
Não fico triste,
juventude é água a passar.
Aqui tem
frutas, tantas que dão pra pular a cerca,
Deixa que levo
umas, Inha, quando te visitar.
Sem cigarro
achei na estrada um pé de fumo. Fumei.
Aqui o dinheiro
anda assim bucólico comigo;
Não fico
triste, dinheiro é só fumaça a tragar.
Compram a
ideia do homem, mas não o homem da ideia.
Sabe Inha,
penso que podaram todo o campo,
De forma que o
verde só enxerga os embrenhados.
Mataram o
campo da nossa Arcádia.
E a felicidade
tem um, sei lá, gosto de tristeza.
Daí, eu compus
esses versos sem maldade,
Que todo ritmo
dessa vida um poeta aprende.
Noutro tempo,
noutros campos, virão outros, quem sabe,
Inha, pra você.
Mariana - MG, 12 de março de 2015.
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