Do Tempo de Amar*





O sofrimento uma pena,

Se quando se faz o bem

Por vezes a gente sofre,

Se quando se faz o mal

A gente sofre também...



Daí ninguém é de ninguém,

Todo mundo dor do mundo,

Esperança que cai o cais

Nos levando junto e fundo.



Assim prossegue no tempo,

Viver precisa ilusão,

Volta os amores incertos,

Volta às vezes gratidão.



A mesma pena que pesa,

Mesma que nos alça voo

−Seja essa única certeza−,

Me volto, me pego e entoo:



Um amor é sempre vindo

Do que no sou ar eu soo,

Do que no prazer é lindo

E que no sofrer eu doo.


* Poema publicado no jornal Poesia em Trânsito (fevereiro 2014), tiragem de 30 mil exemplares distribuídos gratuitamente em ônibus e estações de Salvador-BA, projeto aprovado no edital Arte em Toda Parte - Fundação Gregório de Mattos.

Comentários

Anônimo disse…
Engraçado...

Como o poema cabe na gente e a gente cabe na poesia.

Lindo.

Abraço apertado,

Viviane

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