A TROVA E O TROVADOR
Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.
Mário Quintana
Irei começar com as definições.
A trova hoje em dia é a forma poética composta duma só estrofe de quatro versos em redondilha maior, seu esquema de rimas é (abab). Na trova popular, como a de Mário Quintana acima, rima o 2º com o 4º verso, essa a forma mais comum encontrada no país. O trovador por sua vez é naturalmente quem compõe trova, sendo que no Rio Grande do Sul o trovador seria o que pra gente é o repentista.
Bem... a coisa se justifica por uma evolução formal da trova do séc. XII na região de Provença, França, aos nossos dias. Dizem que a quadrinha popular portuguesa e galega se transformou no que hoje damos o nome de trova.
A trova assim definida é a arte da síntese.
O trovador, principalmente na região sudeste do país, é o poeta que faz em apenas uma quadra um poema completo.
Assim arrisco uma...
Trovador de bom valor
Na quadra da rua dela
Antes que ele encontre a dor
Encontra a trova mais bela.
Mas, os poucos leitores do meu blog irão se perguntar sobre o que chamei de trova em vários poemas anteriores. É que tanto a literatura de cordel, como nossos poemas de circunstâncias, também evoluíram do trovadorismo aos nossos dias.
São cantigas de roda muitas das trovas populares. E com licença da academia, chamo de trova uns poemas que poderiam ser chamados de cantigas.
Dito isso, voltemos ao assunto.
A essência da trova é o “achado”. Dizem os eruditos que a palavra vem do francês “trouver” que significa “achar”. O trovador assim as acha, aos montes, como nessa bela trova anônima:
As rosas é que são belas,
São os espinhos que picam,
Mas são as rosas que caem,
São os espinhos que ficam...
O lirismo do trovador está em achar, no redemoinho do seu sentimento, no tormento da sua vivência, a quadra perfeita. É mais que uma forma de condensar o pensamento, é um verdadeiro estilo de vida. Eu que vivi a maior parte da infância em Eunápolis, extremo-sul da Bahia, tive a oportunidade de entre mineiros e capixabas, amantes da trova, escutar algumas. Lembro das meninas, em roda cantarolando...
O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.
E outras tantas que nós todos já escutamos pelo menos por uma vez.
Por fim, colocarei o endereço da União Brasileira de Trovadores para quem quiser se aprofundar mais no assunto.
Referência:
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